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Conformidade legal e arquitetura hospitalar

A construção de uma edificação hospitalar envolve vários aspectos e diretrizes que precisam ser observados desde o início do processo. Arquiteta especializada no assunto, Mariluz Gomez Esteves salienta que um dos grandes desafios da área é atender a conformidade legal, ou seja, respeitar todas as regras e legislação vigente para a área da saúde. “Já vai longe o tempo em que era possível elaborar um projeto de edifício de saúde e só na fase da aprovação ter contato com a legislação sanitária. Os arquitetos hospitalares e coordenadores de projeto precisam conhecer a legislação sanitária, o funcionamento dos hospitais, os fluxos que serão gerados e condicionados pela arquitetura, as regras da Acreditação Hospitalar, as tendências de crescimento destes edifícios e a inter-relação entre os diversos subsistemas que vão formar o mesmo”, completa.

Considerar todos os aspectos legais é fundamental para ter sucesso no projeto e na construção da edificação, viabilizando o correto funcionamento daquela instituição. “Um bom edifício de saúde será resultado de uma tomada de decisão que considere as condicionantes legais a serem atendidas para o funcionamento do negócio proposto e da presença de um arquiteto coordenador ou gerente de projeto. O alto custo das obras, cronogramas apertados e a necessidade de cumprir o planejamento preestabelecido exigem o conhecimento do conjunto de projetos (estrutural, elétrico, hidráulico, de condicionante ambiental e outros) e o domínio do processo de trabalho, condição sine qua non do bom andamento das obras e, consequentemente, fator de prevenção de futuro retrabalho”, pontua Mariluz.

Para a arquiteta, é preciso tratar da obra hospitalar da mesma maneira que se trata as grandes obras de engenharia, praticando a interdependência entre os projetistas e a cobrança (justa e pertinente) de cada uma das responsabilidades técnicas. “Diferentemente do que ocorria no passado, torna-se cada dia mais difícil deixar questões de coordenação de projetos, detalhamento, acabamento, especificação de materiais e outras para serem resolvidas na obra. Ou seja, não é possível alcançar a conformidade legal sem buscar a responsabilidade profissional e legal de cada um dos envolvidos na tarefa. Os responsáveis legais, em todos os níveis, devem estar cientes das suas responsabilidades e dos seus limites, atuando de acordo com as melhores práticas de suas profissões”, destaca.

Há uma questão que foi fundamental para o avanço do setor de saúde no Brasil, ele saiu do amadorismo e se profissionalizou em todas as esferas, o que inclui as edificações e a gestão das instituições. “Interessante é que o setor de saúde já funciona dessa forma quando o assunto é atender aos pacientes, não havendo dúvida sobre a responsabilidade técnica de cada profissional de saúde frente aos pacientes atendidos. O desafio de gerir os recursos físicos e tecnológicos necessários à prestação da assistência à saúde passa cada vez mais pela necessidade de profissionalização no trato dos problemas físicos dos hospitais, frequentemente delegado a pessoas sem formação. A excelência só será alcançada através da gestão eficaz do trabalho profissional e multidisciplinar. O problema é que, na mesma dimensão que o trabalho multidisciplinar é necessário, os profissionais de uma maneira geral teimam em defender seus territórios e ignorar o dos outros, esperando que alguém coordene o caos resultante de tantas cabeças pensando sobre um mesmo objeto”, ressalta Mariluz.

Com décadas de experiência profissional, ela afirma que para garantir qualidade, vigor e conformidade legal aos projetos, é preciso estar disposto a trabalhar em equipes multidisciplinares, melhorar soluções, antecipar conflitos resultantes da sobreposição dos subsistemas de engenharia que definem a edificação, além de manter os colegas informados sobre as novas soluções em cada área de projeto. “É fundamental melhorar a qualidade dos novos projetos e introduzir nas obras ainda em andamento inovações que vão reduzir a obsolescência (tecnológica ou legal) das edificações, o que muitas vezes ocorre antes da entrega da obra”, atesta.

Acreditando na importância da multidisciplinaridade, Mariluz conclui: “Estou convicta de que o futuro e o sucesso dos edifícios hospitalares passam pelo trabalho multidisciplinar e também acredito que não possa existir trabalho multidisciplinar sem colaboração e coordenação entre os diversos parceiros”.

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Zoneamento urbano e EIV, porque eles são importantes na construção de um hospital?

Sempre que um edifício hospitalar se instala em uma comunidade, ele interfere diretamente naquele entorno. Há o lado positivo ligado ao serviço que ele presta, ou seja, ser um equipamento comunitário de saúde, mas há também o impacto que pode ser visto de forma negativa pelo tráfego gerado de pessoas e veículos.

Arquiteta da Pró-Saúde, Mariana Dias aponta que este tema é de fundamental importância e deve ser estudado desde o início do processo de planejamento da obra. “Precisamos, antes de tudo, conhecer a legislação que regula os projetos e obras do município em questão, principalmente no que diz respeito ao zoneamento urbano do terreno escolhido, que será decisivo para a elaboração do Estudo de impacto de vizinhança – EIV”, antecipa.

A elaboração do EIV é uma das etapas realizadas pela equipe da Pró-Saúde para reduzir possíveis impactos negativos que a edificação hospitalar possa causar ao seu entorno. “Isso vale tanto para um hospital existente como para o projeto de uma nova edificação”, acrescenta Mariana. Segundo ela, o planejamento começa com a compra do terreno adequado que atenderá às necessidades do hospital do ponto de vista do Zoneamento Urbano, que define que tipo de edificação pode ser construído naquele local.

Mariana chama a atenção para os serviços disponíveis no local. “O EIV nos traz informações de fundamental importância no que diz respeito à infraestrutura urbana disponível no entorno da nova edificação, como saneamento básico, coleta de lixo, rede elétrica e transporte público que precisam ser compatíveis com o empreendimento. Além disso, precisamos avaliar outros pontos como saber se as ruas do entorno estão pavimentadas, se há capacidade para absorver o fluxo viário a ser gerado pelo hospital e se o terreno escolhido e a geometria viária facilitam os diversos acessos que o empreendimento necessita”, descreve.

Para finalizar, Mariana fala da importância do dimensionamento do estacionamento. “Não é simplesmente pensar na quantidade de vagas determinada pela legislação municipal. Ao longo dos anos e projetos executados, percebemos que, em geral, este número inicial de vagas de estacionamento é insuficiente. Além disso, precisamos pensar na necessidade de cada público que irá ao local. Considerando que cada hospital possuirá uma dinâmica própria, a decisão por uma quantidade maior ou menor de vagas rotativas, utilizadas por pacientes e visitantes, ou por uma quantidade maior ou menor por vagas de longa permanência para as equipes médicas e de funcionários, é outro aspecto que deve ser estudado. Neste ponto, entra a importância dos projetos de controle de acesso que também realizamos. É desta forma que elevamos a assertividade no dimensionamento diferenciado de vagas em hospitais”, finaliza.

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Comunicação Visual auxilia os acessos nos hospitais

Quantas entradas, corredores, leitos, salas e caminhos existem em um grande hospital? Em geral, ele costuma ter mais de 1000 metros lineares de corredores, abrindo vários caminhos que podem se tornar um labirinto para quem não está acostumado ao local. Pacientes, acompanhantes, visitantes podem ter dificuldades de se locomover caso não haja uma comunicação visual eficiente. Aliás, até médicos e profissionais de saúde podem se confundir com a ausência destas referências.

Arquitetos com conhecimento na área da saúde podem auxiliar para que médicos, funcionários e pacientes consigam se locomover por estes caminhos de forma assertiva e segura. “Este é de fato uma das funções do projeto de comunicação visual. Ele é elaborado a partir do Programa de Identidade Visual da instituição e traz todos os detalhes como placas, textos informativos, totens, indicativos de direção, informações de segurança, entre outros. Estas itens são organizado espacialmente e graficamente trazendo todas as informações necessárias para que o hospital funcione da melhor maneira possível”, explica a arquiteta Isadora Affonso.

Segundo ela, é essencial que todos consigam entender o ambiente e o local onde estão. “Informações gráficas em placas, totens e avisos são um dos principais passos para este entendimento, garantindo a segurança e o bom desempenho de todos os serviços”, acrescenta.

O trabalho é multidisciplinar. “A primeira etapa para a comunicação visual é a elaboração de um Manual de Identidade Visual, que deve ser desenvolvido por uma equipe de designers e comunicadores. Nesta etapa serão definidas questões como logomarca, paleta de cores e identidade da marca. Muitos clientes já possuem a identidade visual e podem ir direto para a próxima etapa”, descreve Isadora.

Na sequência, é hora de definir como essa identidade será aplicada ao ambiente. “Neste momento é fundamental que o projeto seja elaborado por alguém que entenda o edifício e seu funcionamento – no caso, o arquiteto! Desta forma é possível garantir que a comunicação visual esteja de acordo com o funcionamento do hospital, com o controle de acesso, com as normas de segurança e vigilância sanitária, com as questões de segurança predial, com o projeto de prevenção de incêndio, com o sistema viário da cidade, com as normas de acessibilidade e com as exigências dos órgãos de acreditação hospitalar”, especifica a arquiteta.

Unindo conhecimentos e habilidades, a comunicação visual se torna bela e, acima de tudo, eficiente.