Desde o início do planejamento hospitalar, ainda no século 17, quando a enfermeira inglesa Florence Nightingale escreveu suas “notas sobre hospitais” o leito tem sido o principal parâmetro de projeto para o dimensionamento do edifício hospitalar.

Podemos firmar que até a última década do século 20, este parâmetro serviu de modo adequado ao que se propunha, dimensionar a área física do hospital e servir de referência para qualificar a organização hospitalar.

Por outro lado, no último século convivemos com a dicotomia entre o modelo preventivo de saúde representado pelos sanitaristas com suas vacinas e ações sanitárias que tornaram os ambientes urbanos mais saudáveis e o modelo hospitalocêntrico impulsionado por tecnologias que só podiam ser utilizadas nos hospitais como os equipamentos de Raios X e o sucesso cirúrgico, possibilitado pelos processos de esterilização de materiais e a indústria farmacêutica com seus anestésicos e antibióticos.

A prevalência do modelo hospitalocêntrico, foi gradativamente tornando o mesmo insustentável pelos altos custos a serem pagos pela sociedade. Recursos estes limitados pela própria riqueza da sociedade.

A reflexão sobre estes custos, levou gestores do setor de saúde a revisarem o movimento sanitarista em busca de respostas. Um excelente exemplo disto são as Comissões de Controle de Infecção Hospitalares (CCIH) que tratam das questões sanitárias envolvidas nos processos hospitalares buscando identificar e tratar os aspectos ambientais para que não agravem os casos tratados nos hospitais com as doenças tipicamente hospitalares.

O resultado desta discussão sobre o ambiente hospitalar teve forte impacto na permanência média do paciente no ambiente hospitalar, de um lado pelo estímulo a realização de procedimentos cirúrgicos e diagnósticos por videoscopias, menos invasivos e de curtíssima permanência, de outro por novas formas de assistência, que passaram a ser realizadas em outros ambientes tais como hospitais dias e clínicas especializadas.

Aos hospitais ficaram reservadas as tarefas mais complexas, que exigem recursos avançados de diagnóstico e tratamento ou que só podem ser realizadas em ambientes fortemente equipados para a sustentação de vida e a resolução de casos complexos.

Consequentemente, a permanência média foi drasticamente reduzida 10 para 4 dias em média nos hospitais gerais e de 4 para 1,5 dias nos hospitais eminentemente cirúrgicos, fato que aumentou imensamente a rotatividade dos leitos hospitalares.

Com a necessidade de leitos comuns reduzida, especialmente pela alta rotatividade dos leitos disponíveis, como também pela introdução de outros tipos de tratamento de giro rápido como macas de observação nos Pronto Socorros, macas de Recuperações Pós Anestésicas, cadeiras de medicação, o leito em si deixou ser o melhor parâmetro para o planejamento.

Outro fenômeno observado foi o aumento da proporção entre o número de leitos e o dos leitos altamente qualificados das Unidades de Terapia intensiva, até começo deste século ainda se falava em 10 % de leitos deUTI contra 90% de leitos comuns, hoje existem hospitais onde esta proporção chega a 50%, 50%.

Ou seja, o leito comum como parâmetro de planejamento hospitalar se transformou na atualidade em:

  1. Leitos dia;
  2. Cadeiras procedimento (medicação, quimioterapia, etc.);
  3. Macas de atendimento;
  4. Macas de observação;
  5. Leitos semi-intensivos;
  6. Leitos intensivos;
  7. Leitos de longa permanência;
  8. Leitos comuns;

Desta forma, para nós Profissionais da Pró Saúde – Profissionais Associados, para planejar um hospital e, principalmente dimensiona-lo do ponto de vista de sua área física é indispensável discutir seu modelo assistencial, entender de que forma os pacientes serão atendidos, qual a equipe e os funcionários que serão necessários em cada caso, reunindo e tabulando informações que permitam não apenas dimensionar as áreas assistenciais como também as áreas de apoio técnico e logístico.