O Edifício de Saúde é um dos mais complexos da atualidade. Uma de suas características é a transformação e volubilidade natural inerente ao setor da saúde. Cabendo à arquitetura, reconhecer que o hospital como se conhece hoje percorreu um árduo caminho de transformação, acúmulo de funções e expansões de seus objetivos e assim traduzir isso no uso do espaço. Conforme citado por Mendes (apud ALMEIDA, 2004), é um grande desafio planejar um hospital do zero, lançar sua estrutura, organizar sua setorização e garantir que os fluxos de um edifício tão plural e multidisciplinar como este, estejam devidamente ordenados.
Segundo Camelo, Souza e Bitencourt, (2021) alguns pontos são essenciais no planejamento de um edifício hospitalar. A expansibilidade, a flexibilidade, a contiguidade, a racionalização, a humanização, a acessibilidade, a sustentabilidade, a plasticidade, a valência, a conformidade, a funcionabilidade e a segurança do paciente são diretrizes básicas a serem seguidas.
Já conforme o arquiteto Toledo (2020), com o surgimento do edifício placa-torre no modelo terapêutico, o foco generalizado na assepsia transformaria os espaços e estes seriam cada vez mais reduzidos a meros abrigos de processos assistenciais ao invés de agentes colaboradores para a cura. Contudo, reconhece que exemplos como João Filgueiras Lima, o Lelé, e diversos outros ao redor do mundo, trazem a retomada dos espaços banhados pela luz e ventilação natural como outrora recomendou a fundadora da enfermagem moderna, a enfermeira Florence Nightingale.
O modelo dos hospitais contemporâneos busca com sua “anatomia”, privilegiar as condições ambientais e conferir qualidade ao espaço aliados à eficiência matemática de um conceito enxuto sem esquecer que, como colocado por Bross (2021), o hospital é um edifício que além de tudo, também abriga um negócio que precisa ter uma visão estratégica para ser sustentável em relação ao custo e benefício de sua operacionalização.
Para a proposta do hospital foco do estudo, além dos conceitos citados acima, também foi utilizado em sua setorização conceitos da arquitetura sistêmica, que propõe dispor as unidades assistenciais levando em consideração os níveis organizacionais e suas criticidades em uma cadeia crescente de complexidade conforme o usuário se aprofunda na edificação.
Os blocos foram dispostos de forma a garantir que as circulações otimizadas do edifício norteassem a concepção do projeto de forma a respeitar o que é público em contraponto ao que é considerado privado, ou seja, tudo o que é destinado a serviço e operação, é considerado privado, enquanto a circulação pública, é de livre acesso e permite que cada visitante, paciente ou acompanhante ocasional saiba onde está e por onde ir e que os mesmos não tenham acesso ao “back stage” do hospital.