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Arquitetura e os elementos naturais

Em um projeto arquitetônico de uma edificação hospitalar há aspectos que devem ser considerados quando se pensa no bem-estar, seja para o usuário paciente ou para o usuário funcionário. Esse bem-estar está diretamente ligado à recuperação do paciente e desempenho de trabalho do funcionário.

Esses aspectos, muitas vezes relacionados à humanização dos espaços, incluem nossa relação com a natureza, denominada biofilia. O nome foi dado pelo biólogo norte americano Edward O. Wilson. Em seu estudo, ele fala sobre como o ser humano, antes dos centros urbanos, tinha uma forte ligação com a natureza e, como agora, vivendo em espaços fechados, o desempenho e bem-estar das pessoas foram prejudicados pela falta dessa relação.

A arquiteta Roberta Marques explica que com esta filosofia é cada vez mais comum o surgimento de propostas arquitetônicas e de interiores que privilegiam materiais naturais, como madeira, palha e uso de vegetações em espaços internos ou mesmo o uso de cores comuns na natureza. “É uma forma de trazer a sensação de proximidade com a natureza, humanizando esses espaços. No caso de um hospital, essa humanização é importante para um paciente em recuperação, tornado os espaços mais leves perante as diversas situações que um hospital pode receber”, descreve.
Segundo a arquiteta Carolina Chedraoui, o aspecto mais importante dessa relação com a natureza é o uso da iluminação solar, a luz natural, uma vez que quase todos os seres vivos, incluindo nós, seguem de forma biológica o ciclo circadiano. “Neste ciclo, nosso sono e outras funções do organismo são regulados de acordo com a luminosidade que nosso cérebro recebe. A luz do sol varia ao longo do dia, o que faz nosso relógio biológico funcionar de forma adequada”, explica.

Roberta acrescenta que quando estamos em ambientes fechados que têm apenas a iluminação artificial, nosso organismo perde essa percepção. “Esta situação, de forma crônica, pode estar relacionado a doenças graves, como o câncer. Aberturas em um projeto, além de trazer a iluminação natural, permitem uma conexão com exterior, auxiliando na recuperação do paciente, sendo um espaço tranquilo e relaxante para ele e seu acompanhante”, pontua.

Essa relação, como dito anteriormente, também afeta e é de extrema importância para os funcionários. Em uma pesquisa sobre biofilia em ambientes de trabalho, a ‘’Human Spaces: The Global Impact of Biophilic Design in the Workplace’’, feita em 2015 com 7.600 pessoas entrevistadas ao redor do mundo, ficou constatado que os níveis de estresse dos funcionários são maiores quando não há uma vista para alguma janela e ficam menores quando existe o uso de iluminação natural, elementos naturais e uso de cores presentes na natureza (como verde, azul e amarelo). “O uso de vegetação melhora os níveis de desempenho, atendimento e bem-estar dos funcionários, além de menos dias relatados de afastamento por doença, tudo isso sendo pontos que contribuem para um bom funcionamento hospitalar”, conclui Carolina.

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Conforto, aconchego e humanização nos hospitais

As mudanças na área da saúde foram intensas na última década. Desde o ponto de vista tecnológico até o lado humano, as transformações vieram e, com elas, a necessidade de criar ambientes que favorecessem esta nova forma de atuar, proporcionando uma boa experiência para os usuários.
Seguindo esta ideia, vivemos uma crescente busca pela humanização e pelo bem-estar de pacientes e profissionais que passam o dia (ou a noite) em hospitais. “A arquitetura hospitalar também acompanhou este processo. Hoje não vemos mais hospitais apenas como estruturas de concreto, mas como um lugar que pode gerar conforto e bem-estar, contribuindo efetivamente na recuperação do paciente e também para aliviar a rotina e estresse dos profissionais trabalham nele”, diz Eduardo Nishitani, arquiteto da Pró-Saúde.
Ele acrescenta que o projeto de um novo hospital, ou mesmo a reforma de uma estrutura, contempla este novo olhar. “É preciso, claro, pensar na funcionalidade do espaço, nas necessidades que um hospital tem, nas regras e normas que precisam ser seguidas. Além disto, usamos outros recursos para ter uma estrutura que, além de eficiente, seja agradável. Possibilitar a entrada de luz natural, usar de elementos da arte e da natureza integrados ao espaço são algumas formas de trazer vida às edificações de saúde”, cita.
Segurança e acessibilidade também contam pontos. “Não se pode pensar em conforto onde não há segurança. Do tipo de piso escolhido até o uso de barras de segurança, projetamos cada espaço em detalhes. Leitos e banheiros não devem ter desníveis no piso, corredores e entradas precisam ter livre acesso para todos, inclusive cadeirantes, a iluminação do centro cirúrgico deve ser eficiente, a climatização do ambiente deve promover bem-estar. É um conjunto de medidas que é incluído no projeto. Ele deve ser elaborado por profissionais que entendem de arquitetura e das necessidades da área da saúde”, completa.
A arquitetura hospitalar é complexa e deve sempre contemplar eficiência desde o ponto de vista da estrutura física até as sensações que promove em quem circula pelo espaço. Trazer leveza ao dia a dia de pacientes e profissionais da saúde é um desafio constante de quem atua nesta área.

Arquitetura e hospitais especializados

As últimas décadas foram de muitas mudanças na área da saúde. O que antes se restringia à profissão “médico” ganhou especialidades e até subespecialidades, aprimorando o atendimento e gerando profissionais com maior capacitação. Esta tendência seguiu para os hospitais. Antes eles eram divididos em hospitais para procedimentos de baixa, média ou alta complexidade e equipados para tal. Hoje, além destas especificações, temos hospitais focados em uma única especialidade. Este é o caso do Hospital de Olhos Londrina, inaugurado este ano.

Focado exclusivamente na oftalmologia, o local foi projetado pela Pró-Saúde em parceria com o escritório CF Arquitetura, responsável pelo projeto de interiores. “O hospital atende todas as necessidades de um local focado em procedimentos cirúrgicos e a laser, tendo como diferencial o fato de atender exclusivamente procedimentos oftalmológicos. Toda a estrutura do centro cirúrgico, desde os espaços até a tecnologia, é focada nesta especialidade”, diz Eduardo Nishitani, arquiteto da Pró-Saúde.

A obra tem detalhes tecnológicos que facilitam o dia a dia dos cirurgiões, elevam a segurança e trazem, ao mesmo tempo, um ar de modernidade ao local. “As portas de acesso ao centro cirúrgico são abertas por sistema de sensores acionados pela palma das mãos, o mesmo usado para abrir as torneiras do centro cirúrgico. Isso evita o contato da mão com o ambiente e, consequentemente, uma das formas de contaminação no ambiente hospitalar”, cita Mariana Dias, também arquiteta da Pró-Saúde.

O piso utilizado no centro cirúrgico é o vinílico condutivo, que atende às mais altas exigências do segmento, evitando descargas eletrostáticas, de modo que o risco de mau funcionamento ou desconforto do equipamento durante as cirurgias seja drasticamente reduzido, garantindo também a segurança do paciente. A mesa cirúrgica pode ter sua direção movida por sistema eletrônico, mudando de angulação, o que traz facilidades para o cirurgião. “Além disso, o sistema de ar-condicionado foi projetado obedecendo todas as normas de segurança da Anvisa. A climatização deste ambiente tem várias normas a serem seguidas para garantir as condições necessárias da qualidade do ar bem como o fluxo do mesmo visando a segurança com um sistema exclusivo de filtragem”, completa Eduardo

As saídas de emergência possuem portas largas e de fácil acesso. “O hospital fica dentro de uma galeria comercial e tem saídas facilitadas em caso de urgência. Toda a sinalização facilita o processo, além das portas estrategicamente posicionadas. A porta de saída do centro cirúrgico está no mesmo corredor da saída da clínica, sendo fácil e rápido de ser usada em uma emergência médica ou em caso de incêndio” diz Mariana.

Em caso de uma emergência e a necessidade de transportar o paciente para um outro hospital, o projeto prevê uma saída rápida do centro cirúrgico, com portas largas e rota de saída já prevista pela área comercial do prédio e conduzido até a saída principal, onde uma ambulância estará aguardando o paciente.

Salas de recuperação completam a estrutura, que tem ainda espaço para exames oftalmológicos. “Hospitais especializados já são uma realidade atual, crescendo vertiginosamente conforme a ciência avança e nos garante tecnologias cada vez mais direcionadas. Eles são projetados exatamente para especificidades da medicina, sendo mais efetivos e seguros. Eles minimizam intercorrências como infecções hospitalares quando públicos específicos não são misturados entre si”, conclui Eduardo.

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Projeto de combate e prevenção de incêndio em edifícios de saúde

Um hospital ou estabelecimento de saúde, por sua natureza, tem usuários que estão em situações especiais. Há enfermos, há pessoas se recuperando de cirurgias, há gestantes, enfim, pessoas com mobilidade reduzida ou até sem condições de se locomover. Pensar em um projeto eficiente para a prevenção de incêndios – e o combate dele em uma eventualidade – é uma obrigação de todo estabelecimento de saúde.

De acordo com ele, o projeto arquitetônico de um hospital, clínica médica ou Unidade Básica de Saúde precisa considerar o projeto de combate e prevenção de incêndio. “Instalação de sistema de alarmes, compartimentações horizontal e vertical, uso de materiais antichama, plano de evacuação rápido tanto horizontal como vertical pensando na rápida propagação de fumaça e fogo e uso de portas antichama são itens obrigatório neste projeto”, pontua.

Eduardo lembra que um hospital tem muitos equipamentos eletrônicos, sistema de ar condicionado e uma infinidade de cabos de energia elétrica, todos fundamentais para seu funcionamento. “Pensando nisso, é preciso uma manutenção de todos os sistemas elétricos e eletrônicos, verificação das condições de cabos, ar condicionado. Recentemente tivemos dois casos de incêndio relacionados a curto-circuito em ar condicionado, o Museu do Rio de Janeiro e as instalações do Flamengo. Estes fatos reforçam como é fundamental ter uma constante manutenção dos sistemas ligados à energia e também a instalação de sistemas de alarme que possam soar em caso de ocorrência, salvando vidas”, destaca.

A Anvisa publicou um manual “Segurança contra incêndio em edifícios de saúde” que pode ser acessado virtualmente no link https://bit.ly/2JG9NLT

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Diagnóstico por imagem e a complexidade na instalação dos equipamentos

A complexidade dos exames de diagnóstico por imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, não está apenas na tecnologia do equipamento em si. Toda a estrutura montada para recebê-los precisa estar de acordo com as regras e normas para que sejam eficientes. Justamente por isso, quando um edifício de saúde é projetado, o espaço onde serão instalados estes equipamentos tem atenção especial.

A ressonância magnética é um dos desafios. Por gerar um campo magnético muito forte, há vários passos a serem seguidos. “O estudo começa na escolha do local onde este equipamento será instalado. A Ressonância Magnética tem várias peculiaridades que precisam ser respeitadas, a começar pela distância mínima que o isocentro do magneto (corpo da máquina) precisa estar de locais com massas metálicas em movimento, como elevadores e veículos (carros, ônibus, ambulâncias). Respeitar essas distâncias é fundamental. Para quem não sabe, este equipamento funciona como um imã gigante e, justamente por isso, pode sofrer interferências de massas metálicas”, descreve Eduardo Nishitani, arquiteto da Pró-Saúde.

Do ponto de vista técnico, há muitos pontos que são observados pelo profissional habilitado para projetar o espaço. “O equipamento de ressonância precisa ser blindado, ele gera dois tipos de energia que não podem sofrer interferência. Há os pulsos de radiofrequência que podem interferir ou ser interferidos por equipamentos eletrônicos, como televisões e celulares, e um campo magnético que precisa ser homogêneo para a qualidade do exame. Para isto, o local onde está instalado o equipamento também deve contemplar a blindagem. Podemos fazer isto com o uso da gaiola de faraday, uma cabine de radiofrequência, uma grande caixa de alumínio que envolve o ambiente e impede que ondas de radiofrequência externas entrem e interfiram na geração dos sinais e funcionamento da ressonância”, descreve. A sala onde o equipamento está deve ser livre de cimento, cal ou gesso, o piso precisa estar rebaixado em relação ao piso da porta, internamente ele precisa estar nivelado de acordo com as especificações do fabricante. São muitos itens que constam no projeto.

A temperatura ambiente é outro ponto de atenção. “A climatização é fundamental, há temperaturas exigidas pelo fabricante que precisam ser mantidas. Projetar o espaço para os equipamentos de ar condicionado é de suma importância. Por vezes o hospital ou clínica é construído em partes e a sala dos equipamentos de imagem fica para um segundo momento da obra. Se antecipar deixando os espaços certos para sala de exames e outras obrigações, como os equipamentos de ar condicionado, é fundamental”, cita.

Eduardo pontua que até o caminho que o equipamento irá percorrer até a sala precisa ser previamente pensado. “É um equipamento de grandes dimensões, por isso não vai passar em portas e corredores estreitos e pode afundar os pisos. Quando ela é instalada após a conclusão de uma obra pode ser necessário quebrar paredes para que o equipamento entre no espaço”, diz.

Com tantas especificidades, o projeto para a sala de exames por imagem é realizado em várias mãos. “Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar, tendo parceiros em diferentes áreas do conhecimento que se unem a nós nesta tarefa. São equipamentos caros que precisam ter a devida atenção dos profissionais envolvidos no projeto”, afirma Eduardo.

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Humanização em UTIs

Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são locais de muito cuidado e atenção. Há pacientes em situações especiais ali que precisam não só dos conhecimentos técnicos da medicina e da enfermagem como de um ambiente físico adequado para estar. “A arquitetura pode contribuir na humanização destes espaços”, antecipa a arquiteta Carolina Chedraoui, da Pró-Saúde.

De acordo com ela, a humanização parte do princípio de que o paciente precisa ser observado com uma visão global, contemplando todas as necessidades, físicas, emocionais e até espirituais. “Quando se fala em ambientes, podemos pensar em vários aspectos que vão tornar a estada dele na UTI mais leve. Iluminação e climatização adequadas, por exemplo, fazem parte do projeto de uma UTI humanizada. Há hospitais com projetos que contemplam paredes de vidro para que a luz natural possa entrar, desta forma os pacientes podem observar a luz do dia, saber se choveu, ver como está a noite”, cita Carolina.

Ela completa que a ideia de estar em uma UTI costuma gerar estresse, ansiedade e sensação de isolamento no paciente, por isso, quanto mais recursos puderem ser usados para trazer leveza e gerar bem-estar, melhor. “Hospital, ao contrário do que está no senso comum, é um local de hospitalidade, ou seja, de se sentir acolhido, este é o significado da raiz da palavra. Fazer com que o paciente se sinta bem ajuda no processo de recuperação dele. Podemos usar de vários recursos como jardins, quadros e cores para acolher este paciente que está na UTI”, garante Carolina.

A humanização ganhou força neste século, reforçando que a edificação hospitalar pode contribuir no processo de cura. “Entender as necessidades do paciente do ponto de vista físico e técnico da medicina, somado às suas necessidades como indivíduo, é tarefa da equipe que projeta o espaço. Quando se reduz o estresse, o tempo de internação também tende a ser menor. Todos ganham com espaços e atendimento humanizados”, conclui a arquiteta.

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Fachadas com vidro podem ser um diferencial nos hospitais

A arquitetura hospitalar ganhou novas roupagens e funções nos últimos anos. Unindo beleza e modernidade, preocupação com o meio ambiente e funcionalidade, novos materiais foram sendo incorporados a estas edificações. Um exemplo é o vidro. “O uso do vidro em fachadas de edificações de saúde se tornou uma tendência devido à busca da estética e modernidade para os novos hospitais. Entretanto estas grandes fachadas de vidro só se tornam um benefício para o usuário quando ela gera uma relação com o exterior e a natureza, promovendo diversas sensações como distrações positivas”, antecipa a arquiteta Carolina Chedraoui, da Pró Saúde.

Na visão dela, o uso do vidro traz de benefícios aos usuários do local. “O uso do vidro pode gerar distrações positivas dependendo do que se pode ver através dele como, por exemplo, se tiver um jardim ou algum elemento artístico que possa gerar sensação de paz e conforto dentro do ambiente, criando uma relação interior/exterior”, pontua. Ter acesso a esta visão privilegiada, ao invés de apenas paredes, traz mais conforto a pacientes e equipe de saúde.

O melhor aproveitamento da luz natural é outro benefício das fachadas de vidro. Elas permitem que a iluminação externa entre no ambiente, reduzindo a necessidade de luz artificial. Há muitos materiais disponíveis, sendo preciso estudar a necessidade de cada edificação para escolher o ideal. Há vidros que isolam o calor que vem da área externa e do sol, outros reduzem os ruídos, eles podem ser espelhados, coloridos, enfim, há muitas utilidades e funções que escolhemos de acordo com o perfil e local onde ele será colocado.

Existem inclusive vidros para situações especiais, como vidro plumbífero que protege os médicos e técnicos quando da realização de exames de imagem, eles trazem segurança às salas de raios X, tomografia e outras que utilizam o mesmo tipo de radiação ionizante.

A beleza que o vidro agrega à edificação é um benefício a mais. “O vidro é muito versátil e pode proporcionar conforto acústico e luminoso além de humanizar o local. Por isso ele vem ganhando destaque na arquitetura de um modo geral, inclusive na arquitetura hospitalar”, conclui Carolina.

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Arquitetura hospitalar: projetos flexíveis e individuais

Pensar em uma edificação de saúde vai muito além do conhecimento técnico científico da engenharia e da arquitetura para as construções. Com uso e características bem particulares, cada projeto de saúde é precedido de um trabalho minucioso de pesquisa, estudo, conhecimento para, enfim, ganhar vida. “Há leis e regras específicas para o setor, há as necessidades dos usuários que vão circular por lá, neste caso pacientes e profissionais da saúde em geral, há a questão da assepsia e da flexibilidade para que aquele estabelecimento se atualize ou amplie quando for necessário”, cita Eduardo Nishitani, arquiteto da Pró-Saúde.

Atuando na área há mais de 10 anos com experiência em projetos dos mais diversos portes, Eduardo cita aspectos que sempre precisam ser pensados para atender às necessidades da edificação: contexto urbano, cultural e social de onde foram implantados, legislação vigente, uso de materiais especiais e existência de um plano diretor. “Um hospital nunca pode ser uma obra fechada, ele deve ser pensado e projetado para se atualizar sempre que necessário, pois os serviços de saúde estão em constante evolução”, pontua Eduardo.

Conhecer o cliente, a necessidade real da cidade ou mesmo do bairro é fundamental em vários aspectos. “Um estabelecimento de saúde é, antes de tudo, uma prestação de serviços à sociedade. É imprescindível saber se aquele serviço é necessário, em que medida, com quais características e de que porte. Se não for economicamente viável, será um elefante branco. E isso não pode acontecer nem na esfera pública nem na privada”, destaca o arquiteto.

Como muitos são os aspectos levados em consideração, a Pró-Saúde atua de forma multidisciplinar. “É unindo conhecimentos e experiências que alcançamos a excelência nos projetos. Cada qual com seu saber contribui para que aquela edificação projetada tenha sucesso em todos os âmbitos: no atendimento ao paciente, na viabilidade econômica, na flexibilidade para se manter sempre atualizado, na segurança, no respeito à legislação e até no que se refere ao trânsito de veículos e pessoas no entorno. Muitos são os fatores que impactam na comunidade, trabalhamos para que isso seja sempre positivo”, diz.

Seja uma clínica, um laboratório, um hospital, uma unidade básica de saúde, todas as edificações de saúde precisam de projetos bem estruturados e inteligentes. Nem só de paredes, portas e janelas se faz uma construção. “Estacionamento, circulação de pessoas, fluxos, áreas limpas e área de acesso restrito, natureza do atendimento, projetos visuais para comunicação eficiente, controle de acesso para a segurança. Há uma série de recomendações que seguimos que são bem específicas da área da saúde”, conclui Eduardo.

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Hospital requer planejamento

Instituições complexas, os hospitais devem ser projetados de forma a não engessar suas estruturas, permitindo que se ele­s se atualizem, ampliem ou adotem novas tecnologias sempre que isto se faz necessário. Adotar plantas flexíveis e projetos para médio e longo prazo são fundamentais para manter a saúde financeira e a viabilidade da instituição. Neste aspecto, a arquiteta Mariluz Gomez Esteves aponta que o projeto deve sempre pensar no presente, contemplando o que virá no futuro. “A área da saúde está em constante evolução, não devemos nunca ignorar esta natureza quando projetamos uma edificação. Este planejamento traz otimização de recursos, redução de custos e qualidade na prestação do serviço”, atesta.

O Plano Diretor Hospitalar é outro elemento fundamental para os estabelecimentos de saúde. “Complexos de saúde geram alteração no tráfego tanto de veículos como de pessoas. No Plano Diretor Hospitalar direcionamos sobre como deverá ser o tamanho da edificação, os afastamentos obrigatórios, as áreas de embarque e desembarque, enfim as regras viárias a serem adotadas respeitando o zoneamento da cidade”, explica. Seja a instituição pública ou privada, todas precisam se adequar às mudanças. “Tudo isto precisa estar previsto no projeto inicial da edificação e no plano diretor”, destaca Mariluz.

A natureza de um complexo de saúde difere da maioria das edificações, tendo uso e regras específicos. “O projeto deve contemplar tudo isso, pensar na infraestrutura física e administrativa do estabelecimento de saúde bem como a parte financeira, aspectos culturais, epidemiológicos e socais. É todo um estudo que é realizado para planejar e projetar aquele estabelecimento para o presente e para o futuro garantindo que ele seja sustentável. Temos que ter em mente que as instituições de saúde evoluem e por isso as edificações precisam estar abertas para acompanhar as mudanças, assim como o corpo clínico e a área administrativa”, completa.

Mariluz finaliza lembrando que hoje os hospitais são empreendimentos empresariais e por isso precisam não só pensar na qualidade do atendimento como na correta utilização dos recursos para serem viáveis. “Quem não se atentar para a exigência de ter um ‘hospital do futuro’ poderá enfrentar dificuldades”, conclui.

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Hospitais e impacto na circulação viária

A construção de um hospital gera impacto viário no entorno de sua localização. Uma vez inaugurado, ele eleva o fluxo de veículos e pessoas, sendo fundamental fazer previamente o estudo de impacto viário e também verificar se aquele local escolhido contempla uma construção deste porte. “Cada cidade tem seu plano diretor, suas áreas em que são permitidas construções geradoras de tráfego, como as de um hospital”, destaca Isadora Affonso, arquiteta da Pró-Saúde.

A empresa, que tem expertise em projetos de edificações de saúde, cuida de cada detalhe do projeto quando da idealização de um hospital. Qual porte ele terá? O que isso acarretará naquela localização? Quais as regras nacionais e também municipais que viabilizam e autorizam a construção? “Muitos são os aspectos levados em conta. No que se refere ao fluxo de veículos e pessoas precisamos projetar a correta localização dos acessos, dimensionar o estacionamento para abrigar as vagas, projetar as vias internas de circulação, o pátio de carga e descarga, embarque e desembarque de pessoas e outros pontos previstos no Código de Edificações”, explica a arquiteta. Tudo é esmiuçado na lei.

Os hospitais são fundamentais nas cidades, bem projetados e estudados, trazem muitos benefícios para a comunidade local e por vezes até extrapolam as fronteiras, atendendo todo o estado. “Na fase da elaboração do projeto, é muito importante se atentar para a questão do impacto viário, pois isso pode refletir negativamente se não for bem elaborado. É preciso garantir o direito de ir e vir, fazer com que o trânsito flua e colher dos benefícios da nova edificação que por vezes até traz uma valorização para aquela região. A mobilidade urbana é uma preocupação constante em nossos projetos”, pontua Isadora.

Planejar e se preparar para a elevação do fluxo no local traz tranquilidade quando da inauguração e funcionamento do hospital. “O trânsito eficiente é aquele que acontece com segurança, agilidade e fluidez”, finaliza Isadora.